Nísia Floresta

 Século XIX

Nascida em 12 de outubro de 1810, na cidade de Papari, Rio Grande do Norte, Dionísia Gonçalves Pinto, mais conhecida como Nísia Floresta, foi uma das primeiras vozes femininas a lutar pelos direitos das mulheres no Brasil. Desde jovem, foi educada em um ambiente que lhe proporcionou amplo acesso ao conhecimento, o que moldou sua visão crítica sobre a sociedade da época. O seu pai, Dionísio Gonçalves Pinto, era um advogado e proprietário rural com ideias progressistas, permitindo que Nísia tivesse acesso à educação, algo raro para as mulheres de sua época. A condição econômica da família lhe permitiu ter acesso a livros e a um ambiente intelectual que incentivava constantemente o aprendizado. Ainda, ela exerceu um papel de pioneirismo nacional por ter sido uma das primeiras mulheres brasileiras a romper com os limites do espaço privado, publicando textos em grandes veículos de imprensa a partir de 1830, abordando temas polêmicos para o seu tempo histórico como os direitos das mulheres, dos índios e dos escravos.

No espectro Intelectual, Nísia Floresta além de exercer um pioneirismo nessa contestação de uma ilusória superioridade masculina, atribuindo a necessidade das mulheres desfrutarem de maiores direitos, ela também foi uma escritora excessivamente produtiva.  Em 1832, ela publicou uma obra intitulada "Direitos das Mulheres e Injustiças dos Homens", a qual foi inspirada nas ideias de Mary Wollstonecraft. Nísia também foi uma tradutora e cronista, cujas narrativas de viagem pela Europa trouxeram à tona reflexões sobre a condição feminina, educação, e injustiças sociais. Sua produção literária é marcada pelo compromisso com causas como a emancipação feminina, o abolicionismo e a defesa dos direitos indígenas. Ao longo de sua vida, Nísia Floresta utilizou sua obra para promover reformas sociais e educacionais, deixando um legado duradouro na história do pensamento brasileiro, até falecer em 24 de abril de 1885, em Rouen, na França.

Nísia Floresta constrói laços de amizade com inúmeros escritores europeus, como por exemplo o escritor Victor Hugo, em que ela demonstra estabelecer uma admiração e diálogo respeitoso. Durante suas viagens na europa ela refaz o percurso de Hugo e outros viajantes, revelando suas impressões e emoções, e em alguns trechos de seu itinerário de uma viagem à Alemanha em que ele escreve cerca de 34 cartas relatando suas impressões sobre o lugar, é possível perceber em sua narrativa que há um interessante diálogo com o texto "Voyages" de Hugo, em que ela acompanha de perto suas descrições.

Um outro aspecto emblemático da vida e da carreira literária de Nísia Floresta foi sua afinidade com Augusto Comte e a Filosofia Positiva. Ainda que não seja possível identificar a intensidade e profundidade da relação intelectual estabelecida entre ambos, a produção escrita da brasileira em alguns instantes permite encontrar pontos de congruência com a filosofia de Comte.

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